sábado, 7 de janeiro de 2012

Fidelidade Doutrinária da Pregação

Até aqui mostramos que a pregação está submetida a uma ordem. Ela é missão e mandamento. Por causa disso, ela tem também um caráter doutrinal.
Desde que se propõe a educar homens, pode-se sonhar em seguir um plano e fixar um objetivo. Seria assim para o pregador se a Igreja desse por tarefa educar a humanidade, formar verdadeiros homens. Mas se se sabe qual é a função própria da Igreja não pode ser assim. A Igreja não é uma instituição destinada a manter o mundo no caminho certo, ela não é uma instituição a serviço do progresso do mundo. A Igreja, com sua pregação, não é uma ambulância sobre os campos de batalha da vida. Por outro lado, ela não deve tentar instaurar uma comunidade ideal, seja de almas, de corações ou de espíritos. Todas essas coisas têm valor certamente, e deve-se preocupar com elas. E elas podem entrar acessoriamente na pregação. Aliás tudo isso desempenha aí forçosamente um papel, como na vida normal. O pregador, como todos os cristãos, vive no mundo, e não pode se subtrair a essas coisas. Mas, a partir do momento em que a pregação toma isto por fim, ela não tem mais razão de ser. Hoje isto é mais e mais compreendido quando todas as forças civilizadoras foram açambarcadas por outras organizações que não a Igreja. Supondo-se que a Igreja desaparecesse um dia – este era, por exemplo, um ponto de vista de Richard Rothe, que preconizava a fusão progressiva da Igreja no Estado – os jornais, o rádio, as obras sociais, a psicologia, a política, seriam suficientes para se preocupar com a vida da alma, com a família. Se se trata de moralidade pública ou de tarefa deste gênero, as crianças deste mundo sabem mais que a Igreja, e dispõem de meios superiores. Neste caso, a Igreja não é senão a quinta roda do carro... e talvez nem mesmo uma sobressalente. É preciso então refletir seriamente sobre a missão destinada à Igreja. É preciso que os homens obedeçam a uma ordem que lhes foi imposta de fora, a uma necessidade anterior a tudo o que constitui nossa experiência, como o nascimento ou a morte. A Igreja não pode fazer outra coisa senão reconhecer simplesmente isto: foi dada uma ordem que deve ser cumprida. A existência da Igreja se justifica somente se ela compreende que está fundada sobre um apelo. Ela não tem um plano – este plano pertence a Deus – mas uma tarefa a desempenhar. A pregação, no desenrolar do culto, deveria ser o anúncio de sua obediência a esta tarefa que lhe foi confiada por Cristo.

De tudo isto resultam as seguintes considerações:
1) A pregação deve submeter-se à fidelidade doutrinária. Trata-se da Confissão de Fé que não é um resumo de idéias religiosas tiradas de nosso próprio íntimo, mas o que cremos e professamos, o que recebemos e cremos porque entendemos a Revelação. A Confissão é uma resposta do homem ao que foi dito por Deus. E cada pregação é uma resposta pela qual se é responsável.
O que se passa então não tem nada a ver com um plano ou uma idéia que se tenha forjado no espírito. Aqui obedece-se, o que significa dizer: eu entendi a Palavra de Deus, e respondo de conformidade com a Confissão de Fé. Não se trata naturalmente de pregar confissões de fé, mas de ter por fim e limite de sua mensagem a Confissão de sua Igreja, de se colocar onde se localiza a Igreja.
2) Há uma segunda conseqüência prática: o elemento edificação. Que se deve edificar? – Evidentemente a própria Igreja. Todavia edificar a Igreja não deve ser compreendido no sentido do "Pastor de Hermas", onde isto significa: "continuar a construir", "edificar sobre o edifício em vias de construção". Edificar a Igreja é reconstruir do começo ao fim, cada vez. A Igreja deve constituir-se sem cessar; deve aceitar sem cessar a ordem que nos é dada; reaprender a obediência. "Pela obediência para a obediência", tal é a marcha do cristão. A Igreja é uma comunidade colocada sob a Revelação e edificada pelo ouvir da Palavra de Deus. A edificação se realiza pela graça de Deus, em face da vida. Nesse quadro, então sim, mas somente então, pode-se falar da educação de homens, de ajuda moral e espiritual à humanidade. Há o lugar para construções secundárias à sombra do edifício principal. "Buscai primeiramente o reino de Deus e a Sua justiça", "uma só coisa é necessária"

Fonte: A Proclamação do Evangelho - Karl Barth

Um comentário:

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