segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Os seis períodos gerais da história da Igreja

          Antes de nos adentrarmos no estudo minucioso dos dezenove séculos em que a igreja de Cristo tem estado em atividade, situemo-nos mentalmente sobre o monte da visão, e contemplemos toda a paisagem, todo o campo que, passo a passo, teremos de percorrer.
De nosso ponto de observação, neste assombroso século vinte, lançando o olhar para o passado, veremos elevarem-se aqui e ali, sobre as planícies do tempo, quais sucessivos montes, os grandes acontecimentos da História Cristã, os quais servem como pontos divisó­rios, e cada um deles assinala o término de uma época e o início de outra. Considerando cada um desses pontos decisivos, seis ao todo, veremos que eles indicam os seis grandes períodos da História da Igreja. No primeiro capítulo faremos um exame geral desses períodos.
O topo culminante que assinala o ponto de partida da igreja de Cristo é o Monte das Oliveiras, não muito distante do muro oriental de Jerusalém. Ali, cerca do ano 30 a.D. Jesus Cristo, que havia ressurgido dentre os mortos, ministrou seus últimos ensinamentos aos discípulos e logo depois ascendeu ao céu, ao trono celestial.
Um pequeno grupo de judeus crentes no seu Senhor, elevado como Messias-Rei de Israel, esperou algum tempo em Jerusalém, sem considerar, inicialmente, a existência de uma igreja fora dos limites do Judaísmo. Contudo, alargaram gradualmente seus conceitos e ministério, até que sua visão alcançou o mundo inteiro, para ser levado aos pés de Cristo. Sob a direção de Pedro, Paulo e seus sucessores imediatos, a igreja foi estabelecida no espaço de tempo de duas gerações, em quase todos os países, desde o Eufrates até ao Tibre, desde o Mar Negro até ao Nilo. O primeiro período terminou com a morte de João, o último dos doze após­tolos, que ocorreu, conforme se crê, cerca do ano 100 (a.D). Consideremos, pois, essa época — "O Período da Era Apostólica".
Durante o período que se seguiu à Era Apostólica, e que durou mais de duzentos anos, a igreja esteve sob a espada da perseguição. Portanto, durante todo o se­gundo século, todo o terceiro e parte do quarto, o impé­rio mais poderoso da terra exerceu todo o seu poder e influência para destruir aquilo a que chamavam "su­perstição cristã". Durante sete gerações, um nobre exército de centenas de milhares de mártires conquis­tou a coroa sob os rigores da espada, das feras na arena e nas ardentes fogueiras. Contudo, em meio à incessante perseguição, os seguidores de Cristo aumentaram em número, até alcançar quase metade do Império Romano. Finalmente, um imperador cristão subiu ao trono e por meio de um decreto conteve a onda de mortes.
Evidentemente, os cristãos que durante tanto tempo estiveram oprimidos, de forma rápida e inesperada, por assim dizer, passaram da prisão para o trono. A igreja perseguida passou a ser a igreja imperial. A Cruz tomou o lugar da águia como símbolo da bandeira da nação e o Cristianismo converteu-se em religião do Império Romano. Uma capital cristã, Constantinopla, ergueu-se e ocupou o lugar de Roma. Contudo, Roma, ao aceitar o Cristianismo, começou a ganhar prestígio como capital da igreja. O Império Romano Ocidental foi derrotado pelas hordas de bárbaros, porém estes foram conquistados pela igreja, e fundaram na Europa nações cristãs, em lugar de nações pagãs.
Com a queda do Império Romano Ocidental, iniciou-se o período de mil anos, conhecido como Idade Média. No início, a Europa era um caos, um continente de tribos sem governo e sem leis de nenhum poder central. Mas, gradativamente, foram-se organizando em reinos. Naquela época, o bispo de Roma esforçava-se não só para dominar a igreja, mas também para dominar o mundo. A religião e o império de Maomé conquistavam todos os países do Cristianismo primitivo. Encontramos, então, o Sacro Império Romano e seus inimigos. Observamos, também, o movimento ro­mântico das Cruzadas no vão esforço para conquistar a Terra Santa que estava em poder dos muçulmanos. A Europa despertava com a promessa de uma próxima reforma, na nova era. Assim como a História Antiga termina com a queda de Roma, a História Medieval termina com a queda de Constantinopla.
Depois do século quinze, a Europa despertou; o sé­culo dezesseis trouxe a Reforma da igreja. Encontra­mos Martinho Lutero afixando suas teses na porta da catedral de Wittemberg. Para defender-se, compare­ceu ante o imperador e os nobres da Alemanha, e que­brou os grilhões das consciências dos homens. Nessa época, vemos a igreja de Roma dividida. Os povos da Europa setentrional fundaram suas próprias igrejas nacionais, de caráter mais puro. Encontramos, tam­bém, em atividade a Contra-Reforma, iniciada nos países católicos, para conter o progresso da Reforma. Finalmente, após uma guerra que durou trinta anos, fez-se um tratado de paz em Westfália, em 1648, traçando-se então linhas permanentes entre as nações católico-romanas e as nações protestantes.
Estudaremos, adiante, ainda que rapidamente, os grandes movimentos que abalaram as igrejas e o povo nos últimos três séculos, na Inglaterra, na Europa e na América do Norte. Mencionaremos os movimentos Pu­ritano, Wesleyano, Racionalista, anglo-católico e os movimentos missionários atuais que contribuíram para edificação da igreja de nossos dias e que edificaram, não obstante suas variadas formas e nomes, uma igreja em todo o mundo.
Notaremos, também, a grande mudança que gra­dualmente transformou o Cristianismo nos séculos dezenove e vinte em uma poderosa organização não só para glória de Deus, mas também para servir aos ho­mens por meio de reformas, de elevação social, enfim, de uma série de esforços ativos para melhorar as condi­ções da humanidade.

Paradoxo, Mistério e Contradição

Mateus 13.11; Mateus 16.25; Romanos 16.25-27; 1 Coríntios2.7; 1Coríntios 14.33
A influência de vários movimentos em nossa cultura, tais como a Nova Era, as religiões orientais e a filosofia irracional tem provocado uma crise no entendi­mento. Uma nova forma de misticismo tem surgido, a qual exalta o absurdo como a marca registrada da verdade religiosa. Lembremo-nos da máxima do Zen Budismo, de que “Deus é uma mão batendo palmas” como uma ilustração desse padrão.
Dizer que Deus é uma mão batendo palmas tem uma ressonância profun­da. Tal afirmação confunde a mente consciente, pois é um golpe nos padrões normais de pensamento. Soa “profundo” e intrigante, até analisarmos cuidadosamen­te e descobrirmos que na raiz é simplesmente destituída de sentido.
A irracionalidade é um tipo de caos mental. Fundamenta-se na confu­são que se opõe ao Autor de toda a verdade, o qual não é de forma alguma autor de confusão.
O Cristianismo bíblico é vulnerável a tais correntes de irracionalidade exaltada, porque irracionalidade admite candidamente que existem muitos para­doxos e mistérios na própria Bíblia. Existem linhas que separam o paradoxo, o mistério e a contradição; embora sejam tênues, essas linhas divisórias são cruciais e é importante que aprendamos a distingui-las.
Quando tentamos perscrutar as profundezas de Deus, somos facilmente confundidos. Nenhum mortal pode compreender a Deus exaustivamente. A Bí­blia revela coisas sobre Deus que sabemos serem verdadeiras, a despeito da nossa incapacidade de entendê-las totalmente. Não temos um ponto de referên­cia humano para entender, por exemplo, um ser que é três em termos de pessoa, mas um só em essência (a Trindade), ou um ser que é uma pessoa com duas naturezas distintas, humana e divina (a pessoa de Cristo). Essas verdades, tão certas, como são, são “elevadas” demais para podermos compreendê-las.
Encontramos problemas similares no mundo natural. Sabemos que a for­ça da gravidade existe, mas não a entendemos e nem tentamos defini-la como irracional ou contraditória. Amaioria das pessoas concorda que o movimento é uma parte integrante da realidade, embora a essência do movimento em si tenha deixado filósofos e cientistas perplexos por milênios. Há muito mistério sobre a realidade e muitas coisas que não entendemos. Isso, porém, não justifica um salto no absurdo. A irracionalidade é fatal tanto para a religião como para a ciência. De fato, ela é mortal para qualquer verdade.
O filósofo cristão Gordon H. Clark certa vez definiu um paradoxo como “uma cãibra entre as orelhas”. Seu comentário espirituoso destina-se a destacar que aquilo que às vezes é chamado de paradoxofreqüentemente nada mais é do que preguiça mental. Clark, entretanto, reconhecia claramente o papel legítimo e a função do paradoxo. A palavraparadoxo vem de uma raiz grega que significa “parecer ou aparentar”. Paradoxos são difíceis de entender porque à primeira vista “parecem” contradições, mas quando são sujeitos a um exame minucioso, freqüentemente pode-se encontrar as soluções. Por exemplo, Jesus disse: Quem perde a vida por minha causa achá-la-á (Mt.10:39). Aparentemente, isso soa semelhante à declaração de que “Deus é uma mão batendo palmas”. Soa como uma contradição. O que Jesus queria dizer, contudo, é que se alguém perde sua vida em um sentido, irá encontrá-la em outro sentido. Já que a perda e a salva­ção têm sentidos diferentes, não há contradição. Eu sou pai e filho ao mesmo tempo, mas obviamente não no mesmo relacionamento com a mesma pessoa.
O termo paradoxo é freqüentemente mal-interpretado como sendo si­nônimo de contradição, agora, inclusive, aparece em alguns dicionários como um significado secundário desse termo. Uma contradição é uma afirmação que viola a lei clássica da não-contradição. A Lei da não-contradição declara que A não pode ser A e não-A ao mesmo tempo e no mesmo contexto. Quer dizer, algo não pode ser o que é e não ser o que é ao mesmo tempo e no mesmo contexto. Essa é a mais fundamental de todas as leis da lógica.
Ninguém pode entender uma contradição, porque uma contradição é inerentemente incompreensível. Nem mesmo Deus pode entender contradi­ções; entretanto, certamente ele pode reconhecê-las pelo que são—falsidades. A palavra contradiçãovem do latim “falar contra”. Às vezes é chamada uma antinomia, que significa “contra a lei”. Para Deus, falar em contradições seria ser intelectualmente anormal, falar com uma língua bipartida. Até mesmo insinuar que o Autor da verdade poderia cair em contradição seria um grande insulto e uma blasfêmia irresponsável. A contradição é a arma do mentiroso — o pai da mentira, que despreza a verdade.
Existe uma relação entre mistério e contradição, que facilmente nos leva a confundir ambos. Não entendemos mistérios. Não podemos entender contra­dições. O ponto de contato entre ambos os conceitos é seu caráter ininteligível. Os mistérios podem não ser claros para nós agora simplesmente porque nos falta a informação ou a perspectiva para entendê-los. A Bíblia promete que no céu teremos mais luz sobre os mistérios que agora não podemos entender. Mais luz pode resolver os atuais mistérios. Não existe, entretanto, luz suficiente nem no céu nem na Terra para resolver uma óbvia contradição

Sumário
1.Paradoxoé uma contradição aparente que, quando examinada com mais cuidado, pode apresentar uma solução.
2.Mistério é algo desconhecido para nós no presente, mas que pode ser soluci­onado.
3.Contradição é uma violação da Lei da não-contradição. E impossível ser re­solvida, tanto pelos mortais como pelo próprio Deus, tanto neste mundo como no mundo vindouro.

Fonte: Verdades Essências da Fé Cristã - R. C. Sproul

sábado, 7 de janeiro de 2012

Preparação da Pregação

Acontece de o pastor crer-se obrigado a dizer em sua próxima pregação, tudo o que ele pode tirar de suas profundezas íntimas. Ou então ele está embaraçado porque não sabe bem qual mensagem particular é preciso apresentar. Nem uma nem outra destas situações deve ser levada a sério. Tudo o que ele deve dizer ser-lhe-á dado, é preciso que ele o saiba. Que ele refreie então um pouco o que lhe vai no espírito, e que ele escute. Ou então que ele se deixe consolar por Aquele que dá o que ele pede. Não temos nós o Velho Testamento e o Novo Testamento? Há então alguma coisa a dizer?

As Escrituras estão diante de nós. Há duas coisas a considerar: o que se deve fazer, e o que não temos o direito de fazer. Cada vez que escolhemos um texto, estamos diante da decisão: obedecer ou desobedecer à Palavra, o próprio Deus. Nós desobedecemos quando imaginamos poder colocar-nos diante da Escritura com nossa liberdade própria e nosso poder autônomo. Se nós nos colocamos verdadeiramente à disposição de Deus, a obediência será para nós um guia em nossa escolha.
Não deve ser questão de colocar a mão arbitrariamente sobre a Escritura, e procurar aí um texto que nos seja cômodo, que parece convir ao que gostaríamos de dizer. O texto não poder tratado de acordo com os nossos desejos. É ele que comanda, e não nós. Ele está acima de nós e nós estamos ali para servi-lo. Para evitar que nos desencaminhemos, tanto quanto possível retenhamos as seguintes anotações:

1) Não escolher um texto muito curto. Se não se toma cuidado, o perigo assinalado seria maior que com um "perícope". Por exemplo, não destacar a primeira bem-aventurança. Ou então I João 4.16 que pode tentar-nos a utilizá-lo a serviço de nossa própria eloqüência, em lugar de nos deixar conduzir pelo que se disse. Acrescentemos contudo, que se a pregação é essencialmente explicação bíblica, ela desviará o perigo dos textos curtos.

2) Tomemos cuidado com os textos que passam por fáceis e que são freqüentemente citados. Assim, na comemoração da Reforma, não desvirtuar arbitrariamente o sentido de Gálatas 5.1, e no dia de Finados não dar a João 11.3 e 16 um outro sentido que o imposto pelo contexto. O poder luminoso de uma palavra bíblica permanecerá sempre maior no contexto desejado por Deus, que nos discursos que podem ser belos e interessantes, mas que fazem violência à Palavra de Deus.

3) Nada de alegoria. Não exercitar nossos talentos sobre a Palavra. Impede-se assim que ela ecoe claramente. Tomar cuidado também para não deixar falar nossa individualidade nem nos estendermos sobre nossa situação pessoal, por exemplo, nas imagens, parábolas, ou histórias já ultrapassadas.

4) A pregação não deve ser um discurso utilitário. Não servir-se do Salmo 96 para aconselhar a melhora do canto ou tirar uma propaganda para a música.

5) Para evitar a volta freqüente às mesmas passagens, poder-se-ia ter uma lista baseada no ano eclesiástico ou então fazer uma série de pregações sobre um mesmo livro. Pode resultar de contatos repetidos com a Escritura que algumas passagens se imponham ao pregador como um mandamento, porque é lógico que o pastor consulte a sua Bíblia em outras ocasiões que a da pregação.

6) Não se pode fazer ao mesmo tempo uma pregação sobre um assunto (pregação temática) e sobre um texto (homilia) . No quadro da Igreja não temos que expor princípios cristãos ou outros assuntos deste gênero. O que temos que entender é o que Deus diz à Igreja, o que constitui fundamento e educação. Se desejamos ganhar pessoas ainda estranhas à Igreja (quer se trate de evangelização ou missão) então comecemos por não fugir ao serviço que nos é entregue.

7) Evitar dar ênfase especial às comemorações ou eventos particulares. O que fosse útil assinalar à comunidade poderia encontrar eco na pregação, mas poderia também passar em branco. Isso não dependerá da vontade própria do pregador, mas da exigência que a Palavra de Deus lhe impõe. A escritura deve ter um lugar claro no espírito do pregador. Para isso, deve submeter-se a uma rigorosa disciplina. Não entendamos senão o que diz a Palavra, não o que o grande púbico, a pequena comunidade ou nosso coração desejariam entender.

Fonte: A Proclamaçao do Evangelho - Karl Barth

Fidelidade Doutrinária da Pregação

Até aqui mostramos que a pregação está submetida a uma ordem. Ela é missão e mandamento. Por causa disso, ela tem também um caráter doutrinal.
Desde que se propõe a educar homens, pode-se sonhar em seguir um plano e fixar um objetivo. Seria assim para o pregador se a Igreja desse por tarefa educar a humanidade, formar verdadeiros homens. Mas se se sabe qual é a função própria da Igreja não pode ser assim. A Igreja não é uma instituição destinada a manter o mundo no caminho certo, ela não é uma instituição a serviço do progresso do mundo. A Igreja, com sua pregação, não é uma ambulância sobre os campos de batalha da vida. Por outro lado, ela não deve tentar instaurar uma comunidade ideal, seja de almas, de corações ou de espíritos. Todas essas coisas têm valor certamente, e deve-se preocupar com elas. E elas podem entrar acessoriamente na pregação. Aliás tudo isso desempenha aí forçosamente um papel, como na vida normal. O pregador, como todos os cristãos, vive no mundo, e não pode se subtrair a essas coisas. Mas, a partir do momento em que a pregação toma isto por fim, ela não tem mais razão de ser. Hoje isto é mais e mais compreendido quando todas as forças civilizadoras foram açambarcadas por outras organizações que não a Igreja. Supondo-se que a Igreja desaparecesse um dia – este era, por exemplo, um ponto de vista de Richard Rothe, que preconizava a fusão progressiva da Igreja no Estado – os jornais, o rádio, as obras sociais, a psicologia, a política, seriam suficientes para se preocupar com a vida da alma, com a família. Se se trata de moralidade pública ou de tarefa deste gênero, as crianças deste mundo sabem mais que a Igreja, e dispõem de meios superiores. Neste caso, a Igreja não é senão a quinta roda do carro... e talvez nem mesmo uma sobressalente. É preciso então refletir seriamente sobre a missão destinada à Igreja. É preciso que os homens obedeçam a uma ordem que lhes foi imposta de fora, a uma necessidade anterior a tudo o que constitui nossa experiência, como o nascimento ou a morte. A Igreja não pode fazer outra coisa senão reconhecer simplesmente isto: foi dada uma ordem que deve ser cumprida. A existência da Igreja se justifica somente se ela compreende que está fundada sobre um apelo. Ela não tem um plano – este plano pertence a Deus – mas uma tarefa a desempenhar. A pregação, no desenrolar do culto, deveria ser o anúncio de sua obediência a esta tarefa que lhe foi confiada por Cristo.

De tudo isto resultam as seguintes considerações:
1) A pregação deve submeter-se à fidelidade doutrinária. Trata-se da Confissão de Fé que não é um resumo de idéias religiosas tiradas de nosso próprio íntimo, mas o que cremos e professamos, o que recebemos e cremos porque entendemos a Revelação. A Confissão é uma resposta do homem ao que foi dito por Deus. E cada pregação é uma resposta pela qual se é responsável.
O que se passa então não tem nada a ver com um plano ou uma idéia que se tenha forjado no espírito. Aqui obedece-se, o que significa dizer: eu entendi a Palavra de Deus, e respondo de conformidade com a Confissão de Fé. Não se trata naturalmente de pregar confissões de fé, mas de ter por fim e limite de sua mensagem a Confissão de sua Igreja, de se colocar onde se localiza a Igreja.
2) Há uma segunda conseqüência prática: o elemento edificação. Que se deve edificar? – Evidentemente a própria Igreja. Todavia edificar a Igreja não deve ser compreendido no sentido do "Pastor de Hermas", onde isto significa: "continuar a construir", "edificar sobre o edifício em vias de construção". Edificar a Igreja é reconstruir do começo ao fim, cada vez. A Igreja deve constituir-se sem cessar; deve aceitar sem cessar a ordem que nos é dada; reaprender a obediência. "Pela obediência para a obediência", tal é a marcha do cristão. A Igreja é uma comunidade colocada sob a Revelação e edificada pelo ouvir da Palavra de Deus. A edificação se realiza pela graça de Deus, em face da vida. Nesse quadro, então sim, mas somente então, pode-se falar da educação de homens, de ajuda moral e espiritual à humanidade. Há o lugar para construções secundárias à sombra do edifício principal. "Buscai primeiramente o reino de Deus e a Sua justiça", "uma só coisa é necessária"

Fonte: A Proclamação do Evangelho - Karl Barth

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Reino Dividido

             Depois de Salomão, a prosperidade de Israel entrou em declínio. A nação rebelou-se contra Deus e suas leis. Deus podia ter destruído a Israel, mas não o fez porque ainda planejava servir-se da casa de Davi para trazer o Redentor que salvaria o mundo do pecado. Ele havia prometido levantar este Redentor na família de Abraão, e ten-Qonava cumprir a promessa.
Com a morte de Salomão, Israel mergulhou numa sangrenta guerra Qvil em que os filhos e generais de Salomão brigavam pelo trono. Roboão tinha a bênção paterna para ser o novo rei, mas Jeroboão, seu rival, exercia maior influência entre os chefes militares da terra. No fim, Roboão tomou a metade Sul do país e lhe deu o nome de Judá. Jeroboão estabeleceu seu próprio governo na metade Norte e conservou o nome de Israel. Cada um reivindicava ser o escolhido de Deus.
Veja os dois mapas que cobrem este período, e notará os principais líderes de Israel e de Judá, incluindo os principais profetas. O primeiro mapa (Figura 1) mostra quem governou Israel e Judá em cada geração. O outro mapa (Figura 2), mostra o que mais estava acontecendo no período da divisão do reino. Nenhum dos reis de Israel serviu a Deus, e Judá não foi muito melhor. Somente os reis Asa, Josafá, Joás (Jeoás), Amazias, Azarias, Jotão, Ezequias e Josias foram fiéis à Palavra de Deus. Finalmente, Deus permitiu que os impérios pagãos da Assíria e da Babilônia destruíssem a ambos os reinos e levassem os seus povos para o exílio.
Dois importantes dirigentes surgiram no tempo da divisão do reino. O primeiro foi o profeta Elias, que se destaca como um personagem singularmente austero na história bíblica. Não sabemos de onde ele veio; simplesmente apareceu perante o malvado Acabe e declarou que Deus traria uma longa seca por causa da perversidade do povo. Elias fugiu para o deserto e se deteve junto ao ribeiro de Querite, onde Deus miraculosamente proveu-lhe alimento. Havendo o ribeiro secado, Deus o enviou para socorrer a viúva de Sarepta, que sofria as conseqüências da seca. Ela estava quase sem alimento quando o profeta chegou à sua porta, mas de qualquer modo ela lhe deu o que comer. Levando esse fato em consideração, o homem de Deus resolveu permanecer na casa e os milagres se sucederam: os suprimentos da viúva nunca se esgotaram enquanto o profeta esteve ali, e havendo morrido o filho dela, Elias o ressuscitou.
Então Elias voltou à presença do rei Acabe e lhe disse que convocasse todos os profetas do deus pagão Baal, a quem Jezabel, esposa de Acabe, adorava, para encontrar-se com ele no monte Carmelo. Aqui desafiou os profetas para uma competição: provar qual deus era mais forte. Elias pediu a Deus que enviasse fogo do céu para acender o fogo de um sacrifício sobre uma pilha de lenha molhada. Deus atendeu ao pedido, e Elias matou os falsos profetas (cf. Deuteronômio 13:5). A seguir o profeta pediu a Deus que suspendesse a seca, e Deus enviou uma grande chuva. Elias sentiu-se tão feliz que saiu em disparada para os portões de Jezreel, correndo mais do que o rei e seus carros.
As ameaças de Jezabel deixaram Elias tão desanimado e amedrontado que ele pediu a Deus que o deixasse morrer. Deus, porém, ao invés de atendê-lo, enviou anjos para servi-lo e ordenou-lhe que recrutasse dois futuros reis e seu próprio sucessor. Elias obedeceu, indicando um lavrador por nome Eliseu para ser o novo profeta.

Fonte: O mundo do AT Testamento - J. I. Packer

O Reino Unido

Em seus primeiros anos, Saul apareceu como um homem revestido de humildade e autodomínio. Contudo, com o correr dos anos seu caráter mudou. Tornou-se obstinado, desobediente a Deus, ciumento, odiento e supersticioso. Sua raiva voltou-se contra Davi, o jovem guerreiro que matou o gigante Golias e que servia como músico da corte. Muitas vezes Saul tentou assassinar a Davi, enciumado pela popularidade deste (1 Samuel 18:5-9; 19:8-10).
Deus, porém, secretamente havia escolhido a Davi para ser o próximo rei, e prometeu o reino à família de Davi para sempre (1 Samuel 16:1-13; 2 Samuel 7:12-16). Não obstante, Saul continuou como rei por muitos anos.
Após a morte de Saul, o rei Davi trouxe a arca da aliança para Jerusalém (cf. Deuteronômio 12:1-14; 2 Samuel 6:1-11). Tratava-se de uma caixa de madeira contendo as tábuas de pedra nas quais Deus escrevera para Moisés os Dez Mandamentos. Os israelitas a haviam transportado consigo durante os anos de peregrinação no deserto, e prezavam-na como um objeto sagrado. Abrigando a arca, a capital do reino de Davi se tornaria o centro espiritual da nação, bem como o seu centro político.
Davi reunia as qualidades que o povo buscava — habilidade militar, sagacidade política e agudo senso de dever religioso. Havia tornado Israel a nação mais forte e mais segura do que nunca antes.
Mas Davi era um ser humano, com fraquezas como toda gente. Ele entretinha a idéia de iniciar um harém, à semelhança dos outros reis, e planejou o assassínio de um oficial de seu exército com o fito de casar-se com a esposa dele, a qual havia seduzido. Fez um recensea-mento dos homens de Israel porque já confiava mais na força do seu exército do que em Deus. Por esses pecados Deus castigou a Davi e com ele Israel. Davi, por ser o chefe da nação, ao pecar contra Deus todo o povo sofria o castigo.
Salomão, filho de Davi, foi o próximo rei de Israel. A despeito da lendária sabedoria de Salomão, ele nem sempre viveu sabiamente. Ele executou o plano político de Davi, fortalecendo seu poderio sobre os territórios conquistados pelo pai. Ele era um arguto homem de negócios, e fez alguns acordos comerciais que proporcionaram grande riqueza a Israel (1 Reis 10:14-15). Deus também usou a Salomão para construir o grande templo em Jerusalém (cf. Deuteronômio 12:1-14). Mas o pródigo estilo de vida de Salomão aumentou o peso dos impostos sobre o povo em geral. Salomão herdou do pai a atração por mulheres, e concluiu transações comerciais com reis estrangeiros que envolviam "casamentos políticos", e desse modo formou um harém de esposas oriundas de muitas terras (1 Reis 11:1-8). Essas esposas pagãs induziram-no a adorar deuses pagãos, e não demorou para que ele estabelecesse seus ritos e cerimônias em Jerusalém.

Os Nomes da BÍBLIA

A Palavra de Deus é conhecida por diversos nomes, os quais são derivados da Bíblia mesma e de origens externas. Notemos os nomes externos primeiramente.
O nome Bíblia foi usado pela primeira vez por Crisóstomo no século IV. É derivado de «Biblos», uma palavra grega que significa livros. Este não é um título inconveniente, embora «O Livro» — porque é um livro só — seja um título mais correto. Lemos «no rolo do Livro» em Salmos 40:7.
O nome Testamento não se encontra como um título na Bíblia. E derivado do latim testamentum. Na língua grega esta palavra significa concerto (Heb. 7:22). A mesma palavra é usada em II Coríntios 3:6, 14 como Testamento.
Os nomes internos são:
1.      Técnicos
2.              A Palavra de Deus (Heb. 4:12)
3.              A Escritura de Deus (Êx. 32:16)
4.              As Sagradas Letras (II Tim. 3:15)
5.      A Lei (Mat. 12:5)
6.              A Escritura da Verdade (Dan. 10:21)
7.      As Palavras de Vida (At. 7:38)

Fonte: A Bíblia e como chegou até nós - John Mein